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sábado

Fla em fúria



Coluna Renato Mauricio Prado


A entrevista que Leonardo, ex-jogador do Flamengo e atual dirigente do Milan, deu a Fábio Juppa provocou um autêntico terremoto entre os rubro-negros. O dia todo meu celular não parou e minha caixa postal acabou entupigaitada pelos inúmeros e-mails tratando do assunto. Leonardo, ao que parece, mexeu com "gregos e troianos". Mas, cá entre nós, a discussão até que é saudável...
Sua ideia de "vender o Flamengo" recebeu críticas apaixonadas na situação e na oposição. E até quem anda afastado se manifestou com veemência, como o ex-presidente Antônio Augusto Dunshee de Abranches, que escreveu da França:
"Caro Renato, estou em Paris por 10 dias, de espírito aberto, como aberta é esta cidade. Aqui não dá para ter raiva. Mas, lendo O GLOBO digital, a entrevista do Leonardo quase me faz perder a calma. Quem é ele para mandar vender o Flamengo? Que clube já ergueu? Que experiência possui, salvo a de ser empregado do Milan?
Olha, Renato, esse tipo de pessoa parece que é pau-mandado da turma que derrubou o Flamengo no conceito da imprensa e de parte da torcida.
Entretanto, tenho certeza de que a maioria não se esquece que o clube é viável, desde que consiga afastar os sanguessugas notórios que o levaram à situação de penúria em que se encontra. Não cito nomes para não mencionar quem vive de mentiras.
Você é testemunha, você sabe como o Flamengo se viabilizou quando a FAF ganhou as eleições em 1976: de uma só penada, aquele grupo inesquecível trouxe os seguintes ativos, suficientes para fazer do clube campeão do mundo, da Libertadores, pentacampeão do Brasil e duas vezes tricampeão carioca:
1º) colocação de propaganda na camisa; 2º) venda da imagem na transmissão de jogos pela TV; e 3º) associação com empresas de material esportivo.
Só com esses ativos somados e com dirigentes verdadeiramente rubro-negros, que não usem o clube em causa própria, para se perpetuarem no esporte, o Flamengo pode sobreviver mais 100 anos, com títulos e glórias.
O Leonardo que se cale e continue a receber seu salariozinho no Milan; e que lave a boca antes de falar do Flamengo."
Antônio Augusto, como sempre, foi passional - o que, às vezes, é virtude, às vezes, defeito.
Pessoalmente, não gosto da ideia de vender o futebol do clube. Acho que o Flamengo não precisa ser vendido, mas bem administrado - como empresa, por dirigentes profissionais remunerados por resultados e, naturalmente, responsabilizados por seus erros.
De qualquer forma, acho saudável abrir essa discussão. Afinal, apesar de ter orçamento anual superior a R$100 milhões, o clube está, literalmente, falido - seu patrimônio sequer cobre sua dívida.
Vendido, portanto, já foi (aos credores). Só, ainda, não foi entregue.
Um dos telefonemas que recebi foi do próprio Leonardo. Que defendeu sua ideia com argumentos baseados em fatos reais:
- O Berlusconi (primeiro-ministro da Itália) é dono de 99,9% do Milan. E nem por isso pode contrariar a torcida. O mesmo aconteceria com o Flamengo, se fosse vendido. A Parmalat foi dona do futebol do Palmeiras por 10 anos, ganhou vários títulos e quando saiu o clube continuou normalmente. Eu sei que a ideia da venda pode chocar. Mas do jeito que está é que não pode continuar. Na minha época, todos queriam jogar no Flamengo. Agora, quando apareço na Gávea, tem fila de jogador me pedindo para ajudar a sair...
Leonardo negou as acusações de que esteja representando um grupo que teria à frente o empresário Alexandre Accioli:
- Isso não é verdade. Eu o conheço, mas ele nunca me disse que está disposto a investir no futebol, embora já tenha sido procurado por muita gente, inclusive do Flamengo. Mas o Rio tem outros empresários com vontade de investir e com dinheiro suficiente para levantar o clube e fazer um planejamento profissional a longo prazo. Só que ninguém é louco de colocar sua grana no modelo atual.
Ainda o Fla: não estava entendendo o marketing rubro-negro. Afinal, não aceitar propostas de R$1 milhão que estariam sendo feitas para patrocinar o time nas finais do Estadual (sob a justificativa de que o clube está negociando um patrocínio definitivo) não faria sentido. Liguei para o presidente em exercício Delair Dumbrosck:
- Renato, não existem essas propostas milionárias. O que apareceu foi gente querendo pagar, no máximo, R$300 mil, em três parcelas mensais de R$100 mil. Há ainda quem ofereça R$120 mil, pelas mangas do uniforme. Mas tudo somado não chega a R$500 mil, parcelados. Não vale a pena. Estamos bem encaminhados para fechar um patrocínio anual que nos renderá mais do que pagava a Petrobras. Até lá, não acho interessante "sujar" a camisa com propaganda de farmácia ou curso de inglês, que é o que tem chegado.
Papo vai, papo vem, uma pequena inconfidência:
- Um dos possíveis patrocinadores é do ramo da Petrobras. Tem interesse em substituí-la e se a transição for direta vale mais.
Que petroleira é essa, Dumbrosck não diz. Mas gente do mercado especula que Ipiranga ou Texaco poderiam estar interessadas. Nem só com petroleiras, porém, negocia o Fla:
- Há uma montadora (de automóveis) que também conversa conosco.
E o presidente garante:
- Faremos um grande contrato de patrocínio. O casamento será em breve.
Final da Taça Rio e Copa do Brasil, no domingo, ok?

[O Globo-A entrevista que Leonardo, ex-jogador do Flamengo e atual dirigente do Milan, deu a Fábio Juppa provocou um autêntico terremoto entre os rubro-negros. O dia todo meu celular não parou e minha caixa postal acabou entupigaitada pelos inúmeros e-mails tratando do assunto. Leonardo, ao que parece, mexeu com "gregos e troianos". Mas, cá entre nós, a discussão até que é saudável...
Sua ideia de "vender o Flamengo" recebeu críticas apaixonadas na situação e na oposição. E até quem anda afastado se manifestou com veemência, como o ex-presidente Antônio Augusto Dunshee de Abranches, que escreveu da França:
"Caro Renato, estou em Paris por 10 dias, de espírito aberto, como aberta é esta cidade. Aqui não dá para ter raiva. Mas, lendo O GLOBO digital, a entrevista do Leonardo quase me faz perder a calma. Quem é ele para mandar vender o Flamengo? Que clube já ergueu? Que experiência possui, salvo a de ser empregado do Milan?
Olha, Renato, esse tipo de pessoa parece que é pau-mandado da turma que derrubou o Flamengo no conceito da imprensa e de parte da torcida.
Entretanto, tenho certeza de que a maioria não se esquece que o clube é viável, desde que consiga afastar os sanguessugas notórios que o levaram à situação de penúria em que se encontra. Não cito nomes para não mencionar quem vive de mentiras.
Você é testemunha, você sabe como o Flamengo se viabilizou quando a FAF ganhou as eleições em 1976: de uma só penada, aquele grupo inesquecível trouxe os seguintes ativos, suficientes para fazer do clube campeão do mundo, da Libertadores, pentacampeão do Brasil e duas vezes tricampeão carioca:
1º) colocação de propaganda na camisa; 2º) venda da imagem na transmissão de jogos pela TV; e 3º) associação com empresas de material esportivo.
Só com esses ativos somados e com dirigentes verdadeiramente rubro-negros, que não usem o clube em causa própria, para se perpetuarem no esporte, o Flamengo pode sobreviver mais 100 anos, com títulos e glórias.
O Leonardo que se cale e continue a receber seu salariozinho no Milan; e que lave a boca antes de falar do Flamengo."
Antônio Augusto, como sempre, foi passional - o que, às vezes, é virtude, às vezes, defeito.
Pessoalmente, não gosto da ideia de vender o futebol do clube. Acho que o Flamengo não precisa ser vendido, mas bem administrado - como empresa, por dirigentes profissionais remunerados por resultados e, naturalmente, responsabilizados por seus erros.
De qualquer forma, acho saudável abrir essa discussão. Afinal, apesar de ter orçamento anual superior a R$100 milhões, o clube está, literalmente, falido - seu patrimônio sequer cobre sua dívida.
Vendido, portanto, já foi (aos credores). Só, ainda, não foi entregue.
Um dos telefonemas que recebi foi do próprio Leonardo. Que defendeu sua ideia com argumentos baseados em fatos reais:
- O Berlusconi (primeiro-ministro da Itália) é dono de 99,9% do Milan. E nem por isso pode contrariar a torcida. O mesmo aconteceria com o Flamengo, se fosse vendido. A Parmalat foi dona do futebol do Palmeiras por 10 anos, ganhou vários títulos e quando saiu o clube continuou normalmente. Eu sei que a ideia da venda pode chocar. Mas do jeito que está é que não pode continuar. Na minha época, todos queriam jogar no Flamengo. Agora, quando apareço na Gávea, tem fila de jogador me pedindo para ajudar a sair...
Leonardo negou as acusações de que esteja representando um grupo que teria à frente o empresário Alexandre Accioli:
- Isso não é verdade. Eu o conheço, mas ele nunca me disse que está disposto a investir no futebol, embora já tenha sido procurado por muita gente, inclusive do Flamengo. Mas o Rio tem outros empresários com vontade de investir e com dinheiro suficiente para levantar o clube e fazer um planejamento profissional a longo prazo. Só que ninguém é louco de colocar sua grana no modelo atual.
Ainda o Fla: não estava entendendo o marketing rubro-negro. Afinal, não aceitar propostas de R$1 milhão que estariam sendo feitas para patrocinar o time nas finais do Estadual (sob a justificativa de que o clube está negociando um patrocínio definitivo) não faria sentido. Liguei para o presidente em exercício Delair Dumbrosck:
- Renato, não existem essas propostas milionárias. O que apareceu foi gente querendo pagar, no máximo, R$300 mil, em três parcelas mensais de R$100 mil. Há ainda quem ofereça R$120 mil, pelas mangas do uniforme. Mas tudo somado não chega a R$500 mil, parcelados. Não vale a pena. Estamos bem encaminhados para fechar um patrocínio anual que nos renderá mais do que pagava a Petrobras. Até lá, não acho interessante "sujar" a camisa com propaganda de farmácia ou curso de inglês, que é o que tem chegado.
Papo vai, papo vem, uma pequena inconfidência:
- Um dos possíveis patrocinadores é do ramo da Petrobras. Tem interesse em substituí-la e se a transição for direta vale mais.
Que petroleira é essa, Dumbrosck não diz. Mas gente do mercado especula que Ipiranga ou Texaco poderiam estar interessadas. Nem só com petroleiras, porém, negocia o Fla:
- Há uma montadora (de automóveis) que também conversa conosco.
E o presidente garante:
- Faremos um grande contrato de patrocínio. O casamento será em breve.
Final da Taça Rio e Copa do Brasil, no domingo, ok? A entrevista que Leonardo, ex-jogador do Flamengo e atual dirigente do Milan, deu a Fábio Juppa provocou um autêntico terremoto entre os rubro-negros. O dia todo meu celular não parou e minha caixa postal acabou entupigaitada pelos inúmeros e-mails tratando do assunto. Leonardo, ao que parece, mexeu com "gregos e troianos". Mas, cá entre nós, a discussão até que é saudável...
Sua ideia de "vender o Flamengo" recebeu críticas apaixonadas na situação e na oposição. E até quem anda afastado se manifestou com veemência, como o ex-presidente Antônio Augusto Dunshee de Abranches, que escreveu da França:
"Caro Renato, estou em Paris por 10 dias, de espírito aberto, como aberta é esta cidade. Aqui não dá para ter raiva. Mas, lendo O GLOBO digital, a entrevista do Leonardo quase me faz perder a calma. Quem é ele para mandar vender o Flamengo? Que clube já ergueu? Que experiência possui, salvo a de ser empregado do Milan?
Olha, Renato, esse tipo de pessoa parece que é pau-mandado da turma que derrubou o Flamengo no conceito da imprensa e de parte da torcida.
Entretanto, tenho certeza de que a maioria não se esquece que o clube é viável, desde que consiga afastar os sanguessugas notórios que o levaram à situação de penúria em que se encontra. Não cito nomes para não mencionar quem vive de mentiras.
Você é testemunha, você sabe como o Flamengo se viabilizou quando a FAF ganhou as eleições em 1976: de uma só penada, aquele grupo inesquecível trouxe os seguintes ativos, suficientes para fazer do clube campeão do mundo, da Libertadores, pentacampeão do Brasil e duas vezes tricampeão carioca:
1º) colocação de propaganda na camisa; 2º) venda da imagem na transmissão de jogos pela TV; e 3º) associação com empresas de material esportivo.
Só com esses ativos somados e com dirigentes verdadeiramente rubro-negros, que não usem o clube em causa própria, para se perpetuarem no esporte, o Flamengo pode sobreviver mais 100 anos, com títulos e glórias.
O Leonardo que se cale e continue a receber seu salariozinho no Milan; e que lave a boca antes de falar do Flamengo."
Antônio Augusto, como sempre, foi passional - o que, às vezes, é virtude, às vezes, defeito.
Pessoalmente, não gosto da ideia de vender o futebol do clube. Acho que o Flamengo não precisa ser vendido, mas bem administrado - como empresa, por dirigentes profissionais remunerados por resultados e, naturalmente, responsabilizados por seus erros.
De qualquer forma, acho saudável abrir essa discussão. Afinal, apesar de ter orçamento anual superior a R$100 milhões, o clube está, literalmente, falido - seu patrimônio sequer cobre sua dívida.
Vendido, portanto, já foi (aos credores). Só, ainda, não foi entregue.
Um dos telefonemas que recebi foi do próprio Leonardo. Que defendeu sua ideia com argumentos baseados em fatos reais:
- O Berlusconi (primeiro-ministro da Itália) é dono de 99,9% do Milan. E nem por isso pode contrariar a torcida. O mesmo aconteceria com o Flamengo, se fosse vendido. A Parmalat foi dona do futebol do Palmeiras por 10 anos, ganhou vários títulos e quando saiu o clube continuou normalmente. Eu sei que a ideia da venda pode chocar. Mas do jeito que está é que não pode continuar. Na minha época, todos queriam jogar no Flamengo. Agora, quando apareço na Gávea, tem fila de jogador me pedindo para ajudar a sair...
Leonardo negou as acusações de que esteja representando um grupo que teria à frente o empresário Alexandre Accioli:
- Isso não é verdade. Eu o conheço, mas ele nunca me disse que está disposto a investir no futebol, embora já tenha sido procurado por muita gente, inclusive do Flamengo. Mas o Rio tem outros empresários com vontade de investir e com dinheiro suficiente para levantar o clube e fazer um planejamento profissional a longo prazo. Só que ninguém é louco de colocar sua grana no modelo atual.
Ainda o Fla: não estava entendendo o marketing rubro-negro. Afinal, não aceitar propostas de R$1 milhão que estariam sendo feitas para patrocinar o time nas finais do Estadual (sob a justificativa de que o clube está negociando um patrocínio definitivo) não faria sentido. Liguei para o presidente em exercício Delair Dumbrosck:
- Renato, não existem essas propostas milionárias. O que apareceu foi gente querendo pagar, no máximo, R$300 mil, em três parcelas mensais de R$100 mil. Há ainda quem ofereça R$120 mil, pelas mangas do uniforme. Mas tudo somado não chega a R$500 mil, parcelados. Não vale a pena. Estamos bem encaminhados para fechar um patrocínio anual que nos renderá mais do que pagava a Petrobras. Até lá, não acho interessante "sujar" a camisa com propaganda de farmácia ou curso de inglês, que é o que tem chegado.
Papo vai, papo vem, uma pequena inconfidência:
- Um dos possíveis patrocinadores é do ramo da Petrobras. Tem interesse em substituí-la e se a transição for direta vale mais.
Que petroleira é essa, Dumbrosck não diz. Mas gente do mercado especula que Ipiranga ou Texaco poderiam estar interessadas. Nem só com petroleiras, porém, negocia o Fla:
- Há uma montadora (de automóveis) que também conversa conosco.
E o presidente garante:
- Faremos um grande contrato de patrocínio. O casamento será em breve.
Final da Taça Rio e Copa do Brasil, no domingo, ok?

[O Globo- Coluna Coluna Renato Mauricio Prado]

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